3 formas de perder o seu tempo e o do seu aluno
- marina.grilli.s
- 10 de abr.
- 6 min de leitura
Pois é, prof. Hoje é na lata.
Você já sabe perfeitamente que o ensino de línguas no Brasil não está funcionando - senão, não estaria aqui.
Pois saiba também que, se continuarmos insistindo nos velhos métodos e materiais e questionamentos de sempre - mesmo que com novos nomes e disfarçados de "abordagem inovadora", essa situação não vai mudar.
Por isso, o papo de hoje é sem rodeios: quero te mostrar três formas de perder seu precioso tempo como professora, e o tempo do seu aluno.
Ou, em outras palavras: três preocupações típicas da professora de língua que só servem para afastá-la do que realmente importa.

A primeira delas é onde encontrar material didático interessante para o aluno.
Sabe, eu costumo dizer que buscar soluções importadas é a razão do fracasso no ensino de línguas no Brasil. Porque a nossa realidade é outra, não te nada a ver com o mundo plastificado que se retrata nesses livros produzidos nos países hegemônicos.
Até aí, tudo bem. A questão é que o ideal de não buscar fora o que está dentro também se estende a materiais que não são exatamente importados: porque não é sobre o material ou o método. É sobre a professora.
Quando a gente consegue recuperar a nossa agência docente, isto é, o nosso papel de liderar um processo de ensino-aprendizagem que seja significativo para o aluno e capaz de promover mudanças na sociedade, essa pergunta desaparece.
A gente entende que qualquer material serve para provocar uma ótima discussão, mesmo numa aula para iniciantes. E sabe por quê? Porque a discussão, no ensino que vai Além da Língua, não é só uma desculpa para trabalhar gramática.
Como aquelas professoras antiquadas que usam música pra falar só de verbo e preposição, sabe? O auge da vergonha alheia!
Muito pelo contrário: a gramática e o vocabulário é que são degraus para usar a língua de um jeito interessante. E não o contrário. Aqui a gente aprofunda essa reflexão, mas o ponto é: qualquer livro serve. Qualquer texto serve. Qualquer pdf serve. Qualquer link serve.
"Nossa, como assim? Vou entregar qualquer coisa ao meu aluno?"
Não. Você vai partir de "qualquer coisa" para:
1) Abrir a discussão sobre o tema retratado,
2) Questionar a forma como ele é retratado no tal material, incluindo a profundidade da reflexão, a qualidade do material e seu viés ideológico,
3) No meio disso tudo - no meio, e não no fim - encaixar vocabulário e gramática relevantes para o debate.
Sim, desde o nível iniciante.

A segunda pergunta que você não deveria estar se fazendo é: como convencer o aluno de que ele não precisa de um professor nativo?
Essa questão certamente soa estranha a quem está por aqui há mais tempo - ou a quem ensina inglês e espanhol, duas línguas muito mais conhecidas por terem falantes espalhados pelo mundo.
Mas, acredite: ela ainda tira o sono de muita professora de francês, italiano, e, principalmente, alemão.
Porque o brasileiro ainda tem essa cultura de que aprender de verdade é ser obrigado a "se virar"... e agora eu te convido pensar bem se você ainda não acha que isso tem um fundinho de verdade.
E já respondo: não tem, não. O que leva um aprendiz a se virar é estar confiante para se expressar em qualquer situação - e nada mina mais a fala espontânea do que ser jogada numa situação estressante, como ser obrigada a falar claramente com alguém que não te entende direito.
Não precisa ser psicóloga pra entender isso, né? Precisa ser professora... aquela dotada de agência docente, educadora de verdade.
Mas agora é que vem o pulo do gato: não adianta entender tudo isso, e se limitar a repetir as mesmas palavras para o aluno em potencial. Tem que saber mostrar por que o benefício de aprender com uma professora brasileira é enorme.
Você pode ler esse texto aqui para entender um pouco melhor, mas o principal nessa discussão é: você precisa atrair alunos que busquem aquilo que você tem a oferecer, e que não precisem ser convencidos do seu valor.
E falando em convencer o aluno, a mais pedida de todos os tempos... como fazer o aluno estudar em casa?
De duas, uma: ou o seu aluno é uma pessoa sem comprometimento algum com a língua, que nunca vai sair do lugar (sorry, mas é verdade, né?), ou é a sua visão sobre o que é "estudar em casa" que pode se beneficiar de uma pequena atualizaçãozinha, prof.
O percurso de toda professora que sofre com isso é o mesmo: você passa exercícios de gramática e vocabulário para o aluno consolidar o que viu em aula, ele nunca faz, você cansa dessa situação e começa a pedir que ele apenas escute músicas ou podcasts.
E ele também não faz.
Então, é bom entender como repensar essa dinâmica.
Dedicar alguns momentos da aula a treinar gramática, mas sempre em meio a debates relevantes - intercalando a língua e o conteúdo, como já conversamos ali em cima. Praticar a escrita durante a aula, também, sim - à mão e sem consulta, de preferência em letra cursiva.

Pro contato com a língua acontecer também em casa, você pode fazer o seguinte: pedir ao aluno que escreva sobre seu dia. Sobre sua avó. Sobre seu processo de aprendizagem. Melhor ainda: pedir ao aluno que crie um meme.
Ou até mesmo montar um clube de conversação no WhatsApp, com espaço para cada aluno mandar texto, áudio ou vídeo sobre um determinado tema.
Não mandou? Faz durante a aula. É isso que muitas profs fazem, né? A tarefa precisa ser feita, e se não é em casa, que seja durante a aula - o problema é quando a aula não sai do lugar, porque mais da metade dela é
Só que aqui é diferente, porque a tarefa de casa não se resume a vocabulário ou gramática, nem a algo "descontraído" ou "para relaxar". Esse tipo de tarefa, como você já entendeu, não funciona.
A tarefa que leva o aluno Além da Língua aprofunda aquilo que já foi trabalhado em aula e fortalece os laços entre pessoas por meio da comunicação. Pois é... lembra que a língua deveria servir para isso, e não para agradar nativo?
Se a parte criativa e comunicativa não foi realizada em casa, a gente faz durante a aula - porque isso não é ficar parada no mesmo lugar, como quando o aluno fica fazendo exercício de gramática e você assiste. Pelo contrário: é aprofundar o uso real da língua.
De um jeito que ele vai ter vontade de continuar nesse caminho, sem que você precise implorar para ele "estudar" em casa. A tal da motivação, né?
E se a preguiça e a má-vontade forem crônicas... você simplesmente dispensa o aluno, e coloca no lugar alguém que queira aprender.
Acho que deu para entender o quanto enxergar Além da Língua muda totalmente a sua perspectiva sobre ensino, sobre língua, sobre o seu trabalho. É difícil querer continuar sendo uma professora mediana, quando você descobre que é possível criar aulas leves e eficazes, que motivam o seu aluno a falar desde o nível iniciante, sem perder tempo com problemas que só existem dentro do paradigma colonial.
E os detalhes de como colocar a ideia em prática, você só acessa dentro da Formação Além da Língua. O único curso certificado pelo MEC para formar brasileiros que ensinam língua para brasileiros - não adianta buscar a filosofia Além da Língua em qualquer outra proposta de formação, porque ela só existe aqui.
Você entra na Formação com qualquer nível de experiência em ensino de outra língua para brasileiros, e sai sabendo como:
transformar qualquer conteúdo em assunto de aula,
preparar uma aula incrível em dez minutos,
acelerar a compreensão auditiva (e consequentemente a fala) do aluno,
implementar avaliação continuada,
divulgar seu trabalho nas redes sociais, precificar e cobrar um valor justo por ele.

Entre tantas outras coisas que não cabem aqui, porque a Formação inteirinha tem muito, muito embasamento científico em pesquisa atual e relevante para o público brasileiro. Nada daquela Linguística de décadas atrás, que ainda embasa certificações caras e pouco úteis como um CELTA da vida.
Se eu fosse você, aproveitaria pra preencher o formulário de pré-matrícula na Formação clicando aqui agora, porque o valor sobe a cada dois meses.
Porque eu posso garantir bem pouca coisa nessa vida, mas uma delas é: quem passa a enxergar Além da Língua nunca mais perde tempo com essas três perguntas.