Métodos de ensino de línguas? Nunca mais!
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Métodos de ensino de línguas? Nunca mais!

Atualizado: 22 de dez. de 2020

O que vem à sua cabeça quando você pensa em métodos para aprender uma língua? Métodos entediantes ou ultrapassados, baseados na repetição de palavras e frases sem sentido? Ou métodos mirabolantes, que prometem fluência em poucos dias, em uma armadilha de péssimo gosto para quem está se esforçando para aprender?


Você já tentou aprender outra língua utilizando vários métodos e ainda não encontrou aquele que vai resolver todos os seus problemas? Você ensina outra língua e não aguenta mais testar métodos e mais métodos, mas ainda não encontrou o método perfeito?


Será que nenhum método funciona de verdade?!

Este artigo está aqui pra te dizer que... sim, é isso mesmo! Não existe método perfeito!


Parece radical? Bem, nem tanto. Não é de hoje que a ideia de método tem sido descreditada por especialistas em Educação de todo o mundo: grandes nomes da área, como Prabhu e Kumaravadivelu, já afirmavam que a era dos métodos chegava ao fim em 1990.


O fato é que prescrições impostas não dão conta de satisfazer as múltiplas demandas do público que busca Educação Linguística no século XXI. Essa é uma habilidade exclusiva da maior autoridade na área, a pessoa que tem o ensinar como profissão.


Entretanto, não seguir um método específico não significa ensinar de forma inconsistente e desestruturada. A prática docente exige constante reflexão e aprimoramento.


São três os parâmetros da condição pós método.


O primeiro deles é o parâmetro da particularidade: deve-se considerar o contexto e as condições da aula, em vez de aplicar um método pronto e engessado que pode acabar gerando ainda mais frustração para quem aprende e quem ensina.


Um método que priorize a gramática não será o mais adequado a uma turma extrovertida e comunicativa, da mesma forma como a abordagem comunicativa pode não satisfazer as necessidades do indivíduo que esteja buscando na nova língua um recurso para ter contato com obras da literatura ou do cinema estrangeiro.


O segundo parâmetro é o da praticalidade, ou praticabilidade. Essa longa palavra quer dizer que o professor não apenas aplica a teoria, mas também a elabora, com base em suas práticas de ensino – ou seja, é a prática que determina a aplicação da teoria, e não o contrário, pois a teoria só faz sentido se adaptada à prática.


Por fim, temos o parâmetro da possibilidade. Possibilidade tem a ver com poder! O parâmetro da possibilidade nos lembra que existem estruturas de poder que permeiam a aula, e elas devem ser constantemente reconhecidas e questionadas.


Será que uma aula expositiva é a melhor maneira de aprender língua? Será que a estrutura física da sala de aula é adequada aos nossos propósitos? Será que quem aprende está em posição de submissão a quem ensina?


Esses três parâmetros são colocados em prática por meio de estratégias, que servem tanto para preparar como para conduzir uma boa aula. Kumaravadivelu sugere as dez seguintes macroestratégias para ensinar conforme os parâmetros pós-método:


2. Facilitar a interação negociada;

3. Minimizar os desencontros perceptuais;

4. Ativar a heurística intuitiva;

5. Incentivar a consciência linguística;

6. Contextualizar o input linguístico;

7. Integrar as habilidades linguísticas;

8. Promover a autonomia do aprendiz;

9. Aumentar a consciência cultural;

10. Assegurar relevância social.


Mas o que é uma "boa aula" depende dos recursos materiais disponíveis, da quantidade de alunos e do nível de conhecimento da língua que cada um deles já tem, dos objetivos que pretendem atingir com a língua, da carga horária semanal de aulas e do tempo de contato com a língua fora da aula, entre diversos outros fatores possíveis.



E quem está em condições de diagnosticar tudo isso? Uma dica: não é quem trabalha com pesquisa longe da sala de aula...


A condição pós-método é condição para a autonomia docente!



 

Inspirado em:

KUMARAVADIVELU, Bala. Understanding language teaching. From method to postmethod. New York: Routledge, 2006.


Baseado em:

GRILLI, Marina. Como ensinar línguas? Do método ao pós-método. Revista Projekt, 57, p. 36-41, 2019.


Este texto foi escrito em linguagem neutra de gênero. Doeu? ;)

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