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O que têm a ver as eleições municipais e a Educação Linguística

O povo quer mudança, mas reelege quem lhe maltrata: Ricardo Nunes (SP) e Sebastião Melo (RS) foram reeleitos prefeitos de suas capitais, após anos sem investir adequadamente a verba para prevenção de desastres climáticos. Em São Paulo, um apagão que chega a durar dias a cada chuva forte; em Porto Alegre, a maior inundação da história, poucos meses atrás.


É difícil observar esses fatos sem revolta profunda, e não falo aqui somente da revolta produtiva, do ódio de classe, do desejo de revolução. É difícil, difícil mesmo, segurar o impulso de ofender as pessoas envolvidas em ambas as reeleições, o povo que tanto perdeu e decidiu seguir firme na decisão de se submeter a seus algozes. Como podem? Como puderam?!


De qualquer forma, não faltam análises políticas capazes de responder a essas questões. A reflexão que trago aqui é um exercício de comparação entre esse problema e aquele que toca aos professores de línguas adicionais para o público brasileiro.


A postura do aprendiz brasileiro, infelizmente de modo bastante generalizável, é de passividade. Anos, décadas, séculos ouvindo calado e passivo a quem vinha trazer o saber: o padre cristão, o representante da superioridade europeia, o homem cisgênero dotado de cultura.


Ainda hoje, aluno que se comporta é aluno quieto. E "metodologias ativas" é o nome chique que se deu à prática super inovadora de deixar o aluno ser gente.


Não é difícil enxergar grande semelhança desse descolamento entre o sujeito e o processo de aprendizagem com o descolamento entre o sujeito e os processos políticos. A ideia é esperar que a solução, o milagre, venha a nós - fortemente influenciada pela colonização cristã, claro. Faz só três eleições que o povo elegeu um "messias" "mito", né?



É fato que o aprendiz, de língua ou de qualquer outra coisa, que não se propõe a sair da famigerada zona de conforto para cometer seus necessários erros, não terá como aprender coisa alguma. E você já entendeu que o mesmo vale para a política: temos que ir às ruas e também temos que votar com consciência. Que consciência, cabe a cada um decidir - eu prefiro a consciência de classe decolonial.


Porque estão nos enrolando com historinha de milagre da salvação desde 1500, num projeto de manter passivo e subalternizado o nosso povo. Primeiro, nos tomam aquilo que nos é natural: a curiosidade, o desejo por saber, a criatividade nas formas de expressão. Depois, nos vendem soluções caras com nomes estrangeiros, que não passam de um resgate quase que ancestral.


Só falta resgatarmos o acesso à água, à energia elétrica, a alimentos que não estejam envenenados. Só.


Aliás, que tal trabalhar esses tópicos tão políticos nas suas aulas dessa semana? As estratégias de ensino Além da Língua estão aí pra te ajudar - com condições especiais de Black Friday.

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