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"Material autêntico": mitos X possibilidades

Quem busca aprender uma nova língua é bombardeado desde o início com a falsa ideia de que o seu conhecimento só tem valor quando envolve a comunicação com um falante nativo.


Dá até para parafrasear aquele meme:


23:59 Saber inglês é bom para se comunicar com gente do mundo todo...

00:00 ...mas só se for britânico ou estadunidense.

🤡


O caso é que o uso de materiais "autênticos", isto é, não criados especificamente para o ensino-aprendizagem de língua, é mais uma das falácias supostamente primordiais para que o aluno se torne capaz de compreender os outros.


Veja: é verdade que materiais didáticos podem acabar sendo simplificados em excesso, focando mais em frases pobres que reforçam tópicos de gramática ou vocabulário do que em explorar camadas e nuances da língua.


Mas vamos combinar que não é esse o motivo pelo qual costumam ser criticados, né? O problema é achar que língua é sinônimo de comunicação entre nativos, mesmo.


Além disso, a tendência a desprezar o livro didático para endeusar o tal material autêntico é bastante representativa de três problemas crônicos:


- o endeusamento das variedades linguísticas dos países hegemônicos

- a postura de jogar no lixo tudo que veio antes e continuar buscando uma solução milagrosa e ideal

- a naturalização do trabalho precarizado e não-remunerado da professora que passa horas procurando material internet afora


Mas, sim, o problema tem solução. Na Comunidade Além da Língua, nós trabalhamos sistematicamente em dois pontos para sanar esse problema.


Primeiro: é plenamente possível combinar o uso de um livro didático como base a recursos midiáticos variados, autênticos e não autênticos.


Porque não ter livro é não ter base. É não aproveitar o conhecimento de quem veio antes. É não se beneficiar do trabalho de quem foi contratado para sistematizar esse conhecimento - e, mais do que isso, é negar ao aluno a oportunidade de ter contato com visões de mundo, por mais que elas devam ser criticadas.



A outra solução passa por entendermos que "autêntico" não precisa ser sinônimo de "nativo": vamos colocar nossos alunos para criar conteúdo em texto escrito, áudio e até mesmo vídeo uns para os outros.


Na semana passada, acabei reunindo ambas as ideias em um diálogo com os professores Além da Língua - e sugeri que os professores de uma mesma língua se unam para gravar áudios sobre temas específicos que queiram trabalhar com seus alunos.


Nas próximas semanas, devemos nos organizar para fazer isso em conjunto. Afinal, tudo aqui dentro conta com o meu acompanhamento. Cada vez mais próximo.


Esse é justamente o grande diferencial da Comunidade Além da Língua, a única no Brasil que reúne professores de várias línguas e históricos linguísticos.


Porque é exatamente essa multiplicidade de gentes e falares que o aluno precisa ser capaz de entender.


E porque "autêntico" não deveria ser sinônimo de "limitado".

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